Os administradores decidem o tempo todo, mesmo quando aparentemente não estão decidindo. Até nesses momentos continuam a decidir, mantendo as coisas como estão. Mas podem existir vícios no processo decisório, e isto merece atenção.
Há decisões de alcance limitado e decisões que mudam os rumos da organização; decisões de pequena monta e as de alto valor; decisões reversíveis e decisões irreversíveis. Em todos os casos, das pequenas às grandes, todas as decisões envolvem riscos, seja o de darem errado, seja o de que algum outro curso de ação poderia ter sido melhor.
Boas decisões são aquelas embasadas em fatos, informações, análise, diálogo, conhecimento de causa e tempo para ponderação. E também aquelas tomadas rapidamente porque podem ser revertidas ou porque se relacionam a questões de baixo impacto.
Além disso, a pressão está quase sempre presente, e ela não é amiga das boas decisões. Muitas vezes as decisões tomadas “no meio do incêndio” mais tarde são criticadas por eventuais falhas depois que tudo se acalma. Como diz o ditado, a pressa passa, o erro fica, e não costuma haver muita complacência nestes casos.
As anomalias da decisão
Por ser essencialmente um processo racional, a informação é a matéria prima básica da decisão. Entretanto, nosso cérebro se baseia também em emoções, instintos e valores. Enquanto isso nos destaca das máquinas e reflete a capacidade de pensamento livre e criativo, ele também pode levar a anomalias no processo decisório, justamente pela entrada em cena do componente emocional.
Entre essas anomalias, poderíamos citar:
- Omissão – pessoas que fogem da tomada de decisão, e que não assumem o risco enquanto for possível.
- Procrastinação – pessoas que levam um tempo excessivo para decidir, solicitam repetidamente mais dados e informações, e às vezes decidem quando a situação já se consumou.
- Precipitação – decisões tomadas sem as informações necessárias ou as analisadas de modo superficial, portanto sujeitas a erros.
- Superficialidade – decisões tomadas com base em informações mal analisadas.
- Erro de diagnóstico – decisões baseadas em informações corretas mas diagnosticadas erroneamente, que levam os esforços para direções erradas.
- Repetição do passado – decisões baseadas em fatos semelhantes ocorridos no passado e que não contemplam as diferenças nos fatores, nas circunstâncias e nas pessoas.
Entre as causas dessas anomalias estão o perfeccionismo, a insegurança, a imaturidade, o medo do ridículo, os ambientes intolerantes a erros, a necessidade de impressionar, o apoio excessivo no aconselhamento de terceiros, e a preguiça, entre outras.
Além dessas, o nosso sistema de crenças e valores afeta diretamente o nosso processo decisório, pois todas as decisões que tomamos na vida são impactadas pelas coisas que acreditamos e que têm raízes profundas na nossa forma de ser. Entre esses valores, por exemplo, estão a aceitação social, o sucesso, a estabilidade, a segurança, a excelência e muitos outros. Conhecer esses valores – conhecermos a nós mesmos -, é muito importante para entender como eles condicionam o nosso mecanismo decisório. Dessa mistura resultam os acertos, os erros, as inovações e as anomalias anotadas neste texto.
Nesse mundo de racionalidade temperada por valores, emoções, instintos e anomalias seguem os administradores tocando os seus dias de trabalho.
Um abraço a todos,
Murayama e Maciel – A diferença está nas pessoas.