Por que o Corinthians demitiu o seu técnico?

Futebol é bola na rede.

Calma, continuamos falando de administração de empresas!  Mas esta não é a primeira vez em que o futebol é usado metaforicamente para ilustrar o que acontece nas organizações.

O técnico foi contratado em novembro de 2019 para solucionar problemas de desempenho da equipe.  No início de setembro, contudo, foi demitido.  Ao longo de 28 jogos, apresentou 8 derrotas, dez empates e dez vitórias. Caiu na fase de eliminatórias da Copa Libertadores, mas conquistou o vice-campeonato paulista. Na retomada pós- pandemia vinha mal colocado no Campeonato Brasileiro.

Esses resultados levaram à sua demissão?  Parcialmente, pode ser que sim.  Entretanto, se números como esses levassem ao desligamento de técnicos, praticamente todos os técnicos do país também deveriam ser demitidos. O pódio é um espaço pequeno. Para a maioria dos times, parece valer o ditado de que o importante é competir!

Também se comenta que o elenco não correspondia ao estilo de jogo que propunha.   Pode ser, mas a falta de recursos é uma realidade em muitos casos, e nem por isso se aceita que as metas não sejam atingidas.  Neste caso, podem efetivamente ter faltado versatilidade, capacidade de adaptação, mais criatividade e mais alternativas no plano tático.

Também se ouvem comentários de que o técnico “perdeu o vestiário”, isto é, a confiança dos jogadores, como resultado de má qualidade na gestão de pessoas, de arrogância, da inabilidade na forma de demitir jogadores e coisas assim.  Isto pode realmente ter ocorrido, mas antes de “perder o vestiário”, o técnico provavelmente também perdeu a confiança dos seus próprios chefes. Jogadores – ou funcionários -, só se insurgem contra uma chefia quando sentem que ela não tem mais o respaldo da organização. No caso, ao perder a blindagem, o técnico virou alvo fácil para todos. Ao que consta, a sua relação com a presidência do clube realmente não era das melhores.

Esta é uma história que se repete.  Um profissional é contratado para atuar como um “agente de mudança”. Alguém aceita o desafio, mesmo sabendo que, sozinho e em curto prazo, não mudará uma organização ou uma cultura, por mais alta que seja a sua posição.  É aquela síndrome do “isso nunca vai acontecer comigo”. Por seu lado, o contratante precisaria estar preparado para dar o suporte e o tempo necessário para a tarefa, mas, infelizmente, isso nem sempre acontece.  A impaciência da administração se manifesta rapidamente, ou, pior, durante o processo da implantação de mudanças ela percebe que na verdade não quer mudar nada. O contratado fica muito pressionado, isolado e o stress vai às nuvens!  Nesta hora a combinação de fatores leva a um desenlace inevitável.  Quando isso acontece nas empresas, o desfecho normalmente ocorre em menos de 12 meses.

E isto nos traz de volta ao futebol: no esporte e na gestão, o esforço conta pouco, o que vale é bola na rede!

Abraços a todos!

Murayama e Maciel

A diferença está nas pessoas.

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