Por que repetimos comportamentos que não gostamos?
Muita gente desgosta de alguma ou de várias coisas em si mesmas. Ah, por que eu gastei além da conta? Por que me irritei tanto? Por que procrastinei e perdi a oportunidade? Por que fui tão crítico e tão grosso? Por que tanto apego ao dinheiro? Por que humilhei aquela pessoa? Por que traí novamente? Por que meti medo nos meus filhos? Por que não consigo me apaixonar?
Enquanto muitos estão satisfeitos com sua forma de ser; outros podem estar repetindo comportamentos que os incomodam, os aborrecem ou os levam a arrependimentos.
Se não gostamos dessas coisas, por que persistimos nesses comportamentos? O conflito interior desgasta e rouba a paz de espírito. Além disso, há desvios que podem destruir relacionamentos, prejudicar a criação de filhos e afetar o andamento da carreira. Considere-se, por exemplo, o alcoolismo, a violência doméstica e a falta de responsabilidade profissional.
Um exercício.
Antes de prosseguirmos, o convidamos para um exercício. Pense nas coisas que você não gosta em si mesmo. Pegue um papel e faça uma lista em formato de tópicos. Seja duro e sincero.
Pronto?
Não se surpreenda se esta relação teve mais de uma dezena de itens. Separe esta lista e pegue mais duas folhas de papel. O resultado poderá surpreender você.
Na próxima folha coloque o subtítulo: “Meu pai.” Com reflexão e honestidade, relacione, em tópicos, todas as características do seu pai que você não gostava, ou até odiava. Vá fazendo. Deverão aparecer mais de uma dezena de tópicos. A seguir, pegue a terceira folha e coloque o subtítulo “Minha mãe”. Repita o processo. Ufa, parabéns!
Agora pegue as três listas, a sua, a do seu pai e a da sua mãe. Compare as três. Quando um item na sua lista for igual a algum item na lista do seu pai, da sua mãe, ou de ambos, coloque um P, um M ou um P/M no tópico correspondente na sua lista.
Viu? Possivelmente, a maioria das coisas que você desgosta em você, você também desgostava no comportamento do seu pai, da sua mãe ou de ambos!
Por que somos assim?
Como o exercício acima provavelmente demonstrou, grande parte dos comportamentos que nos causam repulsa – embora nem todos -, foram adquiridos dos nossos próprios pais!
Esses comportamentos foram imitados e incorporados porque sentíamos que precisávamos de atenção, afeto e proteção, numa fase em que éramos crianças pequenas, emocionalmente pouco estruturadas e nos sentíamos totalmente dependentes. Fizemos isso quase como uma forma de sobrevivência, pois muitas vezes odiávamos esses comportamentos nos nossos pais! Outras características negativas podem ter sido incluídas ao longo da vida, mas as primeiras foram incorporadas mais cedo e de modo mais profundo.
Quem somos sem os comportamentos adquiridos?
Em suma, sem eles permaneceremos sendo nós mesmos, menos as coisas que não gostamos. Portanto seremos mais leves e equilibrados. E se restarem outras características que nos incomodam, teremos que igualmente procurar resolvê-las.
Procure entender o que realmente se passou com a criança que você foi. Acaricie a criança e explique as coisas para ela – agora com a perspectiva do adulto. E, muito importante, perdoe os seus pais, pois eles só fizeram o que sabiam ou podiam fazer. (Perceba que neste momento você pode estar fazendo a mesma coisa com seus filhos).
Felizmente, nem todas as pessoas se enquadram no descrito neste artigo. Há gente satisfeita com sua maneira de ser e que não sofre desgastes interiores. Esses felizardos tiveram amor suficiente na sua infância e não precisaram usar de artifícios para buscar o afeto e atenção dos seus pais.
A verdadeira libertação vem da aceitação e compreensão dessas facetas, trazendo-as à luz, para que possam ser trabalhadas. O que não gostamos em nós pode ser uma fonte de aprendizado e transformação. Considere buscar o apoio de um profissional especializado para esta tarefa. Isso tudo poderá valer muito a pena!
Abraços a todos!