EU GOSTO DO MEU EMPREGO.

Cinco motivos porque às vezes é difícil atrair pessoas para novos desafios profissionais.

No nosso cotidiano como hunters muitas vezes abordamos alguém que diz estar bem na empresa e não ter interesse em avaliar outras oportunidades.  Também é comum encontrar pessoas insatisfeitas ou, no mínimo, curiosas para saber o que acontece aqui fora.  Os motivos mais alegados para não querer ouvir oportunidades, são o de uma promoção recente, de um projeto importante em andamento, da expectativa de uma movimentação interna a curto prazo. Ou até a frase abrangente: “Eu estou bem onde estou.”.

Gostaríamos de nos aprofundar um pouco nos motivos dessa saudável sintonia entre as pessoas e suas empresas, A satisfação no trabalho não é um estado raro, mas também não é a regra.

A seguir, cinco situações que nos vêm à mente.

  1. Correta seleção de talentos.

Uma boa seleção tende a levar à permanência na relação empregatícia. Neste sentido, há condições que dizem respeito à empresa e outras ao profissional.

Na definição do perfil de uma vaga, a empresa precisa ter uma consciência clara do que é, do que precisa e do que pretende fazer com a função no futuro.

Algumas vezes, por exemplo, a ordem de preenchimento das posições na hierarquia está equivocada, sendo priorizadas posições gerenciais, quando a necessidade é operacional, ou de staff, quando se necessita de capacidade executiva. Ou quando, erroneamente, a organização se enxerga como pronta para dar início a uma fase de crescimento.

A estratégia do negócio também pode ainda estar difusa, com metas e meios não devidamente equacionados. O levantamento e análise dos fatores internos e externos (SWOT) pode ter levado a conclusões equivocadas.  Como o organograma deve refletir a estratégia, tudo isso terá impactos no recrutamento.

A admissão de profissionais inadequados também pode advir do cansaço dos gestores com longos processos seletivos, de necessidades prementes da organização, ou até do encantamento com algum candidato, entre outros motivos.  Um candidato precisará estar atento a incongruências durante o processo seletivo e recuar se constatar motivos de insegurança, pois, se ingressar, poderá se deparar com uma situação decepcionante e desalentadora.

  • Perspectivas de crescimento e desenvolvimento.

Também é importante que o indivíduo sinta que está se desenvolvendo profissionalmente, mesmo sem promoções.   Isto se dá, por exemplo, através de um ambiente desafiador, pelo trabalho em grupo, por trocas de ideias com os pares, por produtos e mercados desenvolvidos, por cursos de aprimoramento, por viagens a negócios, pela participação em projetos ou por novas tecnologias adotadas pela empresa.

Dificilmente um profissional quererá deixar um emprego se sentir que sua empresa é vital, saudável ou, simplesmente, sólida e estável, com poucas ameaças externas. O contrário leva a tensões e estresse que extravasam o ambiente profissional e são levados para casa.

Também constitui um fator de permanência o próprio crescimento na hierarquia, incluindo movimentações laterais para aprimoramento da formação. Quando é possível e desejada, uma designação internacional também é um forte elemento de atração. 

  • Ética e sustentabilidade

Mais do que nunca, as pessoas querem sentir uma profunda consonância entre suas crenças e valores e os valores da empresa.  Acentua-se a necessidade de confiança na postura ética da organização, tanto na sua governança interna, como no respeito aos princípios da lei e da vida em sociedade. Valoriza-se fortemente a defesa do meio–ambiente.  Também são importantes a preocupação com a segurança, o bem-estar e o respeito aos colaboradores.  Os chefes diretos, especificamente, devem atuar com todas as qualidades de um líder, ou seja, orientar, coordenar, apoiar, inspirar e desenvolver. Este é um ambiente do qual não se deseja sair.

  • Remuneração competitiva

O ideal é que exista um plano de cargos e salários que estabeleça critérios objetivos na remuneração.  No mínimo, deve haver uma preocupação em manter a isonomia e evitar personalismos.  Poucas coisas são tão frustrantes do que descobrir que o salário de um colega é injustificadamente maior do que o seu!

É certo que os salários variarão de empresa para empresa, em função do ramo de atividade, porte do negócio, região geográfica e disponibilidade da mão de obra.  Mas, dito isso, o ideal é o que os salários se mantenham competitivos.  Em termos de mercado, para um mínimo de segurança é que eles estejam entre o segundo e terceiro quartis, ou seja, inseridos na média salarial de outras empresas que disputam o mesmo tipo de talentos.   Um salário dentro da média, somado aos outros fatores de atração já mencionados, será suficiente para reduzir a exposição da empresa e defender os seus quadros.  Um salário abaixo da média sempre será um risco para o negócio. A exceção fica por conta dos casos de mão de obra farta e funções de baixa complexidade, quando a alta rotatividade é algo fatorado.

  • Outras conveniências

Há vários fatores circunstanciais que podem ajudar no desejo de alguém permanecer no emprego atual. Entre eles, a localização da empresa, que pode estar dentro ou fora de um grande centro urbano, a estrutura de serviços disponível na região, o custo de vida, a segurança, a proximidade com a residência e coisas do tipo. Essas conveniências representam dinheiro, saúde e paz de espírito.

O trabalho híbrido ou em regime de home office passou a ter muita importância, sobretudo após a pandemia.  As pessoas perceberam que podem trabalhar em casa e serem igualmente ou até mais produtivas.  Este tem sido num fator de retenção, de atração ou do desinteresse de candidatos.

A possibilidade de reuniões virtuais também apoia a retenção, principalmente porque muitas viagens acabam cansando muitos profissionais.

Finalmente, as pessoas querem se sentir parte de um time vencedor, e querem sentir que seu papel é importante no conjunto.  O reconhecimento e o tapinha nas costas continuam valendo muito.

Um abraço a todos, bom inverno e bons negócios!

Curitiba, julho de 2023.

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